sábado, 8 de junho de 2019

Brumadinho: CPI do Senado e outros eventos

Foto: Ricardo Stuckert.

CPI do Senado pedirá indiciamento de pessoas

O senador Carlos Viana (PSD/MG), relator da CPI do Senado que estuda o caso do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, pertencente à Vale S/A, prometeu, segundo informam veículos de mídia, apresentar o relatório da Comissão no dia 2 de julho. O documento será, ao final dos trabalhos da CPI, direcionado ao Ministério Público de Minas Gerais, que oferecerá denúncia junto ao Poder Judiciário.

O relator antecipou ao Broadcast/Estadão parte de seu relatório sobre o ocorrido: o documento deve pedir o indiciamento de até 15 pessoas, entre funcionários da Vale – incluindo diretores da Companhia – e da Tuv Sud, empresa de consultoria de origem alemã que certificou a segurança da barragem rompida.

O relatório da Comissão, segundo o senador Carlos Viana, encaminhará também propostas de regras para o setor de mineração, tais como a criação de um novo imposto, a eliminação de todas as barragens das mineradoras em um prazo de 10 anos e a realização de auditorias por empresas indicadas pela Agência Nacional de Mineração (ANM), não pelas próprias mineradoras.

A CPI, além de ter convocado várias pessoas das Vale e da Tuv Sud – sendo que os funcionários da Consultoria permaneceram em silêncio –, teve acesso a informações fornecidas pelo Ministério Público Federal, pelo Ministério Público de Minas Gerais e pela Polícia Federal, que investigam o ocorrido em Brumadinho. As informações teriam permitiram constatar que a Vale tinha conhecimento, desde junho de 2018, de problemas estruturais na barragem rompida. As informações ainda abrangem a troca de e-mails entre gerentes da Vale no dia anterior ao rompimento da barragem, preocupados com dados recentes sobre a mesma.

As novas informações prestadas à imprensa pelo senador Carlos Viana indicam que os trabalhos da CPI parecem ter retornado à trilha original de entender o ocorrido em Brumadinho e de apurar responsabilidades, mesmo com as dificuldades de particularizar aquelas que cabem a cada pessoa, conforme têm apontado assessores jurídicos da Comissão. Os depoimentos prestados à CPI, inconclusivos, chegaram a irritar senadores, levando ao questionamento se seria, afinal, possível apontar responsabilidades.

CPI’s da Câmara e da Almg trabalharão integradas

O presidente da CPI da Câmara, deputado Júlio Delgado, coordenou, no dia 3 de maio, uma reunião entre representantes dessa Comissão e da CPI da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (Almg). O propósito foi combinar o alinhamento de esforços, a fim de evitar concorrência improdutiva. As duas CPI’s compartilharão informações e documentos entre si e o presidente da CPI da Câmara informou que o relatório da Comissão deverá ser disponibilizado no mês de agosto.

O deputado Júlio Delgado criticou o que ele denominou “jogo de empurra” de empregados da Vale. Segundo o deputado, os depoimentos sempre apontam responsabilidade de outrem e culminam na culpabilização da Tuv Sud, consultoria de origem alemã que certificou a segurança da barragem de Brumadinho. Os representantes da Tuv Sud têm ficado em silêncio em várias sessões das CPI’s do Senado e da Almg.

Quanto à Vale, esta tem enfatizado por meio de comunicados, que a Companhia e seus empregados, desde o momento do rompimento da barragem, têm apresentado todos os documentos e informações solicitados pelas autoridades, visando contribuir para as investigações. Segundo a Mineradora, seus empregados e executivos têm comparecido a todos os fóruns onde são convocados e declinaram do seu direito legal ao silêncio.

Obras no município de Brumadinho

Boa parte do município de Brumadinho está envolvida em obras. Hotéis têm registrado a lotação de profissionais a serviço da Vale, bem como de bombeiros à procura de vítimas. Diversas empreiteiras foram contratadas pela Mineradora e ora atuam na Região. A Vale teria se comprometido a remover o minério de ferro que inundou várias partes do Município, bem como a tratar a água e a devolvê-la limpa ao Rio Paraopeba. Segundo apurou o R7, estimadas 1000 pessoas estão trabalhando em Brumadinho. Moradores apontam a movimentação, mas manifestam dúvidas: até quando?

Já com respeito aos agricultores do município de Brumadinho e de outras áreas impactadas pelo rompimento da barragem, estes reclamam de que ainda não existe uma solução para os seus problemas. Ocorre que a lama da barragem rompida atingiu suas terras, inviabilizando sua produção e causando grandes prejuízos. Ademais, a contaminação da bacia do rio Paraopeba prejudica diversas propriedades rurais.

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