sexta-feira, 19 de abril de 2019

Governo Bolsonaro e preço do diesel (II)


O governo federal anunciou, no dia 16, medidas para buscar tranquilizar os condutores de caminhão. As medidas abrangem uma linha de crédito de R$ 500 milhões do BNDES para manutenção e compra de pneus por caminhoneiros autônomos, bem como R$ 2 bilhões para obras de manutenção de rodovias. Também está em estudos o "Cartão Caminhoneiro", destinado à colocação de créditos com valor fixo para a compra de óleo diesel.

Com respeito aos preços do diesel, a Petrobras anunciou, no dia 17, um reajuste de 4,84% no preço médio desse combustível nas refinarias, o que implica o aumento médio de R$ 0,10 por litro e o preço de R$ 2,2470 na saída dessas instalações. O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, descartou reajustes diários, apontando que estes serão no mínimo quinzenais e buscarão paridade de preços com aqueles do mercado internacional. Castello Branco reafirmou a independência da Companhia na definição dos preços de combustíveis, mas observou que a preocupação do presidente Bolsonaro com os preços é legítima, em função dos riscos.

Criar uma alternativa equilibrada e que contemple, concomitantemente, caminhoneiros, atingidos pela crise econômica, e investidores - afinal, o universo de acionistas não deveria ser prejudicado - é a saída para estabilizar os riscos de ambos os lados, conforme post Governo Bolsonaro e preço do diesel. A independência do governo da Petrobrás, de seu sistema de governança, não é absoluta, isto é, sem deixar de considerar o contexto externo. Se não houver equilíbrio de interesses, intervenções governamentais na política de preços de combustíveis poderão ocorrer, podendo contribuir para enfraquecer o mercado de capitais, um dos instrumentos mais importantes de desenvolvimento da economia.  

Quanto aos anúncios da semana, no que tange aos caminhoneiros, é possível que estes estejam divididos sobre o que fazer. O anúncio da elevação do preço do diesel certamente não agradou, mas é preciso aguardar suas decisões diante dos fatos. Quanto aos investidores, estes se mostram aliviados com o reajuste anunciado no diesel, mas atentos, especialmente à reforma da Previdência. As ações ON e PN da Petrobras nesta quinta-feira se valorizaram respectivamente em 2,55% e 3,55%.

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Fontes: Jornal Valor e outros veículos de mídia