sábado, 27 de abril de 2019

Brumadinho: diretores da Vale conheciam riscos da barragem rompida, segundo engenheiro

Robério Fernandes /  Futura Press / Estadão Conteúdo - 14/2/2019

No dia 23 de abril, terça-feira, a CPI de Brumadinho, presidida na seção pelo senador Jorge Kajuru, ouviu o engenheiro de recursos hídricos Felipe Figueiredo Rocha, que atuou durante dois anos na Gerência de Gestão de Riscos Geotécnicos da Vale S/A. Ele informou que a diretoria da Companhia foi informada sobre os riscos incorridos pela barragem do Córrego do Feijão, que se rompeu no dia 25 de janeiro deste ano, no município de Brumadinho. Diferentemente de outros empregados da Vale ligados a Brumadinho, Rocha estaria custeando sua defesa jurídica junto ao Poder Judiciário.

Segundo o engenheiro, os riscos da barragem rompida foram apresentados em um workshop realizado em novembro de 2018, no âmbito de um painel de especialistas internacionais, no qual estavam presentes vários profissionais e lideranças da geotecnia da Vale. O engenheiro ainda observou que os riscos de rompimento da Barragem de Brumadinho não eram iminentes, mas possíveis.

Felipe Figueiredo Rocha explicou que não é engenheiro geotécnico, mas era responsável por compilar dados e informações de laudos de estabilidade, elaborados por empresas terceirizadas. Ele ainda manifestou desconforto quanto ao fato de que o diretor executivo da Vale, Luciano Siani, ter comentado que não sabia do workshop e do painel citados, haja vista que o relatório de sustentabilidade da Empresa, assinado pelo presidente, cita o referido painel.

O engenheiro Felipe Figueiredo Rocha foi preso pouco tempo após o rompimento da barragem de Brumadinho, tendo ficado detido durante cerca de 15 dias. Ele refuta as acusações de que teria pressionado auditores contratados pela Vale para que estes mudassem seus laudos. Ao mesmo tempo, informou à CPI que a Vale podia sugerir alterações em relatórios de auditoria, que poderia aceitar ou não as mudanças.

Leituras sugeridas: