sábado, 13 de abril de 2019

Brumadinho: andamento da CPI do Senado

Imagem: Gaspar Nóbrega/SOS Mata Atlântica

Cristina Malheiros e Renzo Carvalho, empregados da Gerência de Geotecnia da Vale, prestaram depoimentos à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), no dia 9 de abril. No dia 11, foi a vez do ex-diretor da área de ferrosos da Vale, Gerd Peter Poppinga, prestar depoimento.

Os senadores da CPI, questionaram a engenheira Cristina quanto a questões como a remessa de avaliação de dados sobre a barragem rompida à Agência Nacional de Mineração (ANM) em desacordo com avaliação interna da Vale e quanto a problemas em medidores que monitoravam a barragem entre outros.

A técnica explicou a discrepância entre as avaliações para a ANM e a Vale, as quais foram feitas em datas diferentes e refletindo distintas condições físicas da barragem. Explicou que os medidores tinham erros de medição, reportados à Vale pela Tuv Sud, empresa alemã contratada para inspecionar a barragem rompida e certificar sua estabilidade, via e-mails dos quais ela não participou. Enfatizou que os dados coletados pela equipe não indicavam problemas e que a equipe técnica da Vale não teria recebido indicação de risco ruptura da Tuv Sud.

A CPI também ouviu o depoimento de Renzo Carvalho, gerente, questionando aspectos como o fato de os empregados da Vale estarem posicionados em posição de serem alcançados pela lama da barragem rompida e indagado sobre se a barragem rompida estava segurada. Outras questões também foram apresentadas pelos membros da CPI.

Entre suas explicações, o gerente afirmou que a estrutura era considerada segura, segundo a informação de que dispunha, egressa de outra área da Companhia. Observou ainda que o posicionamento dos empregados é típico de barragens, inclusive aquelas de usinas hidrelétricas. Informou também desconhecer se havia seguro para a barragem, não sendo este assunto da esfera de sua Gerência.

No dia 11, o ex-diretor da área de ferrosos da Vale, Gerd Peter Poppinga, depôs à CPI de Brumadinho. Questionado se teria tido acesso a um relatório da própria Vale, elaborado meses antes do rompimento, que indicava problemas na barragem do córrego do Feijão, o executivo negou ter conhecimento. Ele informou nunca ter estado na barragem rompida anteriormente e que as equipes de campo da Vale têm autonomia para tomar decisões de segurança sobre barragens. Poppinga também está envolvido no processo do rompimento da barragem de Mariana, em curso.

A CPI ainda deliberou sobre a quebra de sigilo bancário e telefônico de Makoto Namba, engenheiro da Tuv Sud, que se manteve em silêncio na semana anterior perante a CPI. Deliberou ainda que seja pedida à Justiça a indisponibilidade dos bens de pessoas investigadas, mas não da Vale. Os depoimentos de Cristina Malheiros e Renzo Carvalho podem ser vistos aqui e o do ex-diretor Gerd Peter Poppinga aqui.