sábado, 11 de maio de 2019

Brumadinho: 100 dias do rompimento da barragem e três CPI's

Fonte: Corpo de Bombeiros

No sábado passado, 4 de maio, foram completados 100 dias do rompimento da Barragem do Córrego do Feijão, da Vale S/A, em Brumadinho (MG), ocorrido no dia 25 de janeiro, uma sexta-feira. O evento produziu até o momento, segundo a Defesa Civil de Minas Gerais, 236 mortos e 34 desaparecidos, totalizando 270 pessoas. A tragédia de Brumadinho produziu a maior operação de salvamento e resgate realizada no Brasil e centenas de bombeiros de Minas e de outros estados seguem trabalhando em áreas atingidas.

O município de Brumadinho se ressente dos prejuízos financeiros provocados pelo rompimento da barragem, já que vários pequenos negócios têm tido queda forte em seu movimento. Uma pousada que tinha grande lotação em finais de semana, por exemplo, registrou, no dia 4, sábado, cerca de apenas 10% do movimento anterior. Segundo seu proprietário Renato Barbosa, a firma tenta sobreviver mudando seu foco e vendendo “marmitex”. Outros negócios também têm registrado fortes quedas de movimento.

O rompimento da barragem de Brumadinho tem produzido vários movimentos, em âmbito federal e estadual. Em Brasília foi criada, em 12 de fevereiro, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado, que começou a atuar efetivamente um mês após e a qual têm ouvido empregados da Vale, entre gerentes e engenheiros, visando entender as causas do ocorrido. A presidente da CPI é a senadora Rose de Freitas (PODE-ES) e o relator é o senador Carlos Viana (PSD-MG). Nas sessões ocorridas desde março até o presente, destaca-se o silêncio dos representantes da Tuv Sud, consultoria que atestou a segurança da barragem. Eles se recusaram a prestar depoimento aos senadores, com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF).

Ainda em Brasília, foi criada, em 25 de abril, uma CPI na Câmara, cujo presidente é o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), tendo como relator o deputado Rogério Correia (PT-MG). Segundo o deputado Delgado, após o desastre, houve a tentativa inicial de abertura de uma Comissão Mista, com senadores e deputados, o que não prosperou. Mesmo assim, Delgado afirma que não haverá concorrência entre as duas CPI’s – da Câmara e do Senado –, sendo que a Câmara dos Deputados tem projetos voltados para licenciamento, controle e um fundo de contenção de crimes e acidentes.

Além das duas CPI’s citadas, vem sendo desenvolvida, em Minas Gerais, uma CPI na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (Almg), criada em 13 de março, presidida pelo deputado Gustavo Valadares (PSDB, com relatoria do deputado André Quintão, do PT). Segundo o deputado Valadares, a CPI estadual tem três compromissos: definir as causas do rompimento da barragem, reunir provas associadas, cobrando punições, e acompanhar a reparação dos danos e a assistência às pessoas atingidas pela tragédia. Assim como a CPI do Senado, a CPI da Almg vem ouvindo várias pessoas envolvidas na tragédia de Brumadinho. E assim como diante da CPI do Senado, os representantes da Tuv Suv também se calaram diante dos deputados mineiros.

Paralelamente às três CPI’s, vários órgãos têm trabalhando para ajudar os atingidos. Os Ministérios Públicos Federal e Estadual, as Defensorias Públicas da União e de Minas Gerais, bem como as Advocacias-Gerais da União e de Minas firmaram um acordo inicial com a Vale, de maneira que todos os moradores de Brumadinho (MG), bem como as pessoas residentes a um quilômetro do leito do Rio Paraopeba sejam indenizados com celeridade. Para operacionalizar as indenizações, postos de atendimento foram montados no município de Brumadinho, para receber pessoas impactadas pelo rompimento da barragem, coletando, inicialmente, seus documentos.

Ao mesmo tempo, no início do mês de abril, os Ministérios Públicos Estadual e Federal e a Defensoria Pública da União foram surpreendidos por um termo de compromisso entre a Defensoria Pública de Minas Gerais e a Vale, permitindo que pessoas atingidas pelo rompimento da barragem possam fazer acordos individuais extrajudiciais, para fins de indenização, a serem homologados pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG). Além do acordo ter envolvido apenas a Defensoria Pública mineira e a Vale, ele teria sido feito sem o envolvimento das pessoas atingidas e sem uma consultoria técnica para definir parâmetros de preços, segundo críticos.

Por fim, os parentes de uma família de quatro pessoas que perderam a vida no rompimento da barragem do Córrego do Feijão ingressaram no Poder Judiciário reivindicando uma indenização por danos morais de R$ 4 milhões por vida perdida, totalizando R$ 40 milhões.

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