sexta-feira, 12 de abril de 2024

Relacionamentos humanos, conselhos de administração e diretorias executivas

 

Em contextos corporativos globalizados e cada vez mais complexos, tanto conselheiros de administração quanto diretores executivos necessitam dispor de competências em relacionamento humano que transcendam as fronteiras técnicas e gerenciais. Tais habilidades são cruciais, a fim de assegurar governança e gestão eficientes e eficazes à organização. 

Quais competências de relacionamento humano são importantes, concomitantemente, para conselheiros de administração e diretores executivos, em suas respectivas esferas de atuação e considerando seus desafios próprios?

Apresentamos, a seguir, uma tentativa de resposta à pergunta, ainda que não exaustiva. 

1. Liderança e transformação

Tanto conselheiros quanto diretores devem ter liderança que inspire e transforme, impulsionando a organização para a inovação e o sucesso sustentável. Isso envolve não apenas definir uma visão estratégica clara, mas também mobilizar toda a organização em torno desta visão, incentivando a adoção de novas ideias e abordagens.

2. Comunicação eficaz

A capacidade de se comunicar claramente e persuadir é fundamental. Inclui habilidades para ouvir atentamente, apresentar ideias complexas de maneira acessível e adaptar a mensagem ao público que se considera. Uma comunicação eficaz facilita o entendimento mútuo e a cooperação dentro e fora da organização. No caso das diretorias executivas, bons contadores de histórias serão capazes de mobilizar muitas pessoas, magnetizando talentos e esforços em prol dos objetivos organizacionais.

3. Inteligência emocional

Lidar bem com emoções, tanto com as próprias quanto com as de outras pessoas, é vital para criar um ambiente produtivo e harmonioso. Conselheiros e executivos com alta inteligência emocional são capazes de lidar com situações estressantes com calma e podem motivar e apoiar equipes durante períodos de mudança ou crise. 

4. Negociação e gestão de conflitos

Essas posições frequentemente exigem habilidades de negociação para alinhar interesses divergentes e alcançar objetivos comuns. A habilidade de resolver conflitos de forma eficaz, preservando relações profissionais e encontrando soluções mutuamente benéficas, é essencial para conselheiros e diretores.

5. Capacidade de influência

Conselheiros e diretores precisam ser influentes para guiar decisões e estratégias e isso requer a habilidade de persuadir e convencer outros stakeholders, muitas e muitas vezes, sem recorrer à autoridade direta, utilizando-se da lógica e de argumentos válidos que conduzam ao convencimento.

6. Resiliência e adaptação

A dinâmica dos negócios modernos exige que líderes sejam resilientes e capazes de se adaptarem a mudanças rápidas e inesperadas. Isso inclui ser flexível e resiliente frente aos desafios, mantendo o foco em longo prazo, mesmo sob intensa pressão.

7. Construção de relacionamentos e redes

Desenvolver e manter uma rede sólida de contatos é crucial para ampliar a influência e facilitar o acesso a recursos e informações valiosas. Relacionamentos sólidos e confiáveis são muito, muito relevantes para uma colaboração eficaz e para o sucesso organizacional. 

Dominar essas competências em relacionamento humano não é apenas benéfico; é uma necessidade para liderar efetivamente no ambiente corporativo atual. Tanto conselheiros quanto diretores que desenvolvem e refinam essas habilidades estão melhor equipados para enfrentar desafios, liderar em prol do sucesso e a sustentabilidade de suas organizações no longo prazo.

E quanto a competências de relacionamento humano específicas para conselheiros de administração e diretores executivas?

Exploramos a seguir uma competência específica para cada categoria, sem deixar de considerar que outros requisitos também podem ser necessários e, ademais, que tal especificidade não é absoluta. 

Uma competência que nos parece crucial para conselheiros de administração, sob a ótica de relacionamento humano, é a capacidade de mediação entre stakeholders, em um nível mais elevado. Conselheiros frequentemente atuam como mediadores entre diferentes partes interessadas, como  sócios, grupos externos e a equipe executiva. Tal competência envolve habilidades diplomáticas avançadas para navegar e alinhar interesses frequentemente conflitantes desses grupos, assegurando decisões justas.

A capacidade de mediação requer comunicação (competência já mencionada acima) excepcionalmente eficaz e sensibilidade para nuances. Conselheiros devem ser capazes de construir consenso e facilitar diálogos construtivos, mantendo foco na saúde e prosperidade de longo prazo da organização. Mediação requer ainda habilidade de negociação (supracitada) e uma compreensão profunda do impacto humano e organizacional das decisões do conselho. A capacidade de mediação ajuda a manter a estabilidade e a confiança dentro da empresa.

E qual seria uma competência específica para diretores executivos, do campo do relacionamento humano?

A nosso ver, a capacidade de gestão de talentos e equipes. Diretores executivos precisam ter uma capacidade excepcional de identificar, desenvolver e reter talentos dentro da organização. Além disso, estão, frequentemente, envolvidos de forma direta na formação de equipes de alto desempenho e no desenvolvimento de líderes internos, que possam assumir responsabilidades crescentes.

A capacidade de gestão de talentos e equipes vai além da simples gestão de pessoal; envolve uma compreensão profunda das motivações, forças e potenciais de crescimento dos seres humanos que povoam a organização. Diretores executivos com tal capacidade serão capazes de inspirar e motivar profissionais em diferentes regimes contratuais de trabalho, promovendo um ambiente que favoreça a inovação, a colaboração e o comprometimento de longo prazo com os objetivos organizacionais. Esses diretores serão hábeis em fornecer feedback construtivo e coaching, elementos fundamentais para o desenvolvimento profissional contínuo de seres humanos e times de trabalho.

Lembramos, por fim, que, em várias situações, executivos de uma organização são conselheiros em outras, o que implica a necessidade de desenvolver diversas capacidades, para diversos fins. Sendo assim, as duas capacidades supracitadas não precisam ser, de fato, privativas do conselheiro ou do diretor executivo.


Mônica Mansur Brandão


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