sábado, 16 de abril de 2022

Conselhos de administração, diretorias executivas e decisões colegiadas (1/2)

Conselhos de administração e diretorias executivas são instâncias colegiadas. Decisões tomadas em conjunto apresentam aspectos próprios, que merecem ser estudados.

Considerações iniciais

As decisões dos conselhos de administração das organizações que contam com esta instância são favorecidas pela presença de vários quesitos, destacando-se:

1. Visão dos sócios. Este quesito se refere à valorização do conselho de administração para o sucesso dos seus negócios, à criação de um ambiente de liberdade de expressão e à busca de diversidade no conselho.

2. Qualidade profissional dos integrantes do conselho, incluindo seu presidente. O propósito é que o conselho seja um time diferenciado em qualidades humanas, técnicas e experiências práticas. Ao mesmo tempo, o presidente do conselho, sua liderança e experiência são fundamentais à condução dos trabalhos.

3. Diversidade. Esta questão, que tem sido objeto de muitos artigos recentes na mídia corporativa, é comentada adiante (na segunda parte deste artigo).

Os quesitos seguintes, por seu turno, se aplicam tanto aos conselhos de administração quanto a diretorias executivas, cuja escolha de integrantes também deve ser objeto de grande atenção (lembrando que em muitas organizações, não existem conselhos, apenas diretorias):

1. Comitês de apoio. Estes são grupos integrados por conselheiros (caso dos conselhos) ou diretores/outros executivos por estes escolhidos (caso das diretorias), que têm o papel de aprofundar questões de recursos humanos, finanças, governança, risco e outras, de maneira que estas cheguem ao plenário bem compreendidas e trabalhadas.

2. Secretaria de governança. Responsável pelo apoio ao sistema de governança corporativa, a secretaria fornece suporte imprescindível às atividades dos conselhos e diretorias, bem como aos seus integrantes.

3. Ferramentas de governança e gestão. Várias podem ser essas ferramentas e mencionam-se aqui, como exemplos, objetivos estratégicos, métricas e metas a eles associadas; idealmente, em conexão com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS´s) da Organização das Nações Unidas (ONU), no bojo da ferramenta denominada ESG - Environmental, social and governance.

4. Rotinas e ferramentas de apoio. Conselhos e diretorias necessitam realizar reuniões sistemáticas e dispor de vários instrumentos de coordenação e controle, como atas, pautas e agendas de trabalho entre outras, além de um site com informações necessárias às suas atividades e decisões.

Esses quesitos, se por um lado ajudam a criar conselhos e diretorias de alta performance, por outro lado, não implicam, automaticamente, a inexistência de problemas de diversas ordens na tomada de decisões de natureza colegiada.

Ao mesmo tempo, os colegiados do sistema de governança corporativa – conselhos e diretorias – podem agregar grande valor aos negócios organizacionais e, portanto, torna-se muito relevante buscar entender seus potenciais benefícios e possíveis contrapontos a esses, que podem surgir e ser enfrentados.

Benefícios das decisões colegiadas e seus contrapontos

As decisões colegiadas, tomadas no âmbito dos conselhos de administração e das diretorias administrativas, mas não exclusivamente, podem ser complexas, envolvendo vários ângulos de análise e várias áreas na produção de informações sobre a questão tratada.

As decisões em questão apresentam benefícios e contrapontos possíveis, tais como (não exaustivos):

Decisões colegiadas: benefícios e contrapontos

Sobre o quadro anterior, pode-se afirmar:

1. Nos itens 1 (decisões melhor fundamentadas) e 2 (diversidade, relacionada aqui aos conselhos administrativos), boas escolhas podem favorecer a dinâmica da tomada de decisões, conforme a visão de quem tem o poder de estabelecer o contexto de condução de debates.

2. Nos itens 3 (ampliação das escolhas possíveis), 4 (expansão da visão dos dirigentes sobre novos projetos), 5 (aprendizado das áreas), 6 (robustez das informações), 7 (motivação e satisfação dos participantes), 8 (aumento da confiança entre os participantes) e 9 (criação de uma visão coletiva), desponta a importância do presidente do conselho, dos comitês do conselho e da secretaria de governança para a boa realização de atividades.

3. Quanto ao item 10 (insights brilhantes que elevam a qualidade do debate), este está relacionado aos fatores que impactam decisões pessoais dos integrantes do colegiado.

A segunda parte deste artigo – Conselhos de administração, diretorias executivas e decisões colegiadas (2/2) –, reforça as três considerações anteriores e relaciona possíveis meios para enfrentar problemas.

Continua no artigo

Mônica Mansur Brandão