sexta-feira, 29 de abril de 2016

Qual é o papel do mercado financeiro no capitalismo?


Uma economia capitalista é constituída por múltiplas estruturas ou mecanismos de governança ou coordenação de atividades econômicas: empresas (firmas), mercados, redes, associações, comunidades e o estado entre outros. Nesse contexto, um dos mercados mais importantes é o mercado financeiro, ambiente amplo de transações, no qual pessoas e organizações que desejam financiar seus respectivos planos buscam recursos financeiros oriundos de pessoas e organizações que desejam poupar parte dos seus rendimentos, em prol de uma remuneração considerada razoável. 

O mercado financeiro faz, portanto, a intermediação entre investidores e poupadores e constitui-se de quatro grandes componentes:

1) Mercado monetário, cujos intermediários são bancos comerciais e múltiplos. Sua finalidade é o controle da liquidez da economia e o suprimento de caixa momentâneo a bancos. É nesse mercado que o estado, por meio do Banco Central, controla a quantidade de moeda que circula na economia e em boa medida, a inflação, por meio da compra e venda de títulos. É também nesse mercado que os bancos captam recursos entre si, visando resolver problemas momentâneos de caixa.

2) Mercado de crédito, cujos intermediários são bancos comerciais e múltiplos. Sua finalidade é o financiamento do consumo, do capital de giro das empresas, ou seja, do capital de que as mesmas necessitam para a operação de seus negócios (existem descasamentos entre o momento de entrada de receitas e o momento de pagamentos de gastos, o que requer recursos financeiros para o acobertamento provisório das lacunas de caixa) e de outras necessidades.

3) Mercado de capitais, cujos intermediários são bancos múltiplos e de investimento, corretoras e distribuidoras. Regido pela Lei n. 4.728 (14/7/1965) e suas atualizações, sua finalidade é o financiamento do capital fixo - máquinas, equipamentos e outros e outros -, do capital de giro e da habitação. Um segmento importante do mercado de capitais é o mercado de valores mobiliários, o qual, no caso do Brasil e segundo a Lei n. 6.385(7/12/76) e suas atualizações, abrange a emissão de títulos como ações, bônus de subscrição, debêntures, notas promissórias para distribuição pública, derivativos e outros. O mercado de ações, por seu turno, é parte integrante do mercado de capitais.

4) Mercado de câmbio, cujos intermediários são bancos comerciais e múltiplos e corretoras de câmbio. Sua finalidade é prover a conversão de valores de moedas nacionais e estrangeiras. Nesse mercado, transitam operações de importação e exportação de bens e serviços, bem como as necessidades associadas aos intercâmbios de organizações e pessoas entre países.

É nesses ambientes que circulam os recursos financeiros das demais estruturas do capitalismo e que serão feitas parte considerável de suas transações – na realidade, a grande maioria. Especial destaque deve ser dado às empresas, as quais necessitam financiar seu crescimento, o que será feito nos mercados de crédito e de capitais. Em alguns países, os mercados de créditos são mais relevantes; em outros, os mercados de capitais também o são. 

Para empresas, é importante tanto o acesso aos capitais (recursos financeiros) quanto tal acesso a custos que sejam atrativos, de maneira a reduzir seu custo de capital total, constituído por recursos próprios e de terceiros captados no mercado financeiro.

Empresas podem estar presentes no mercado de ações, se forem constituídas sob a forma de sociedades por ações. Ação é a menor parcela do capital social de uma empresa, capital este que correspondente ao valor total dos recursos totais aportados pelos proprietários no momento da criação da empresa ou após a modificação do capital social inicial. No Brasil, as sociedades por ações devem cumprir, entre outras, as disposições da Lei das Sociedades por Ações ou Lei das SAs (Lei n.6.404, 15/12/76) e suas atualizações.


Mônica Mansur Brandão