sexta-feira, 31 de julho de 2015

Em foco: quais são as três dimensões clássicas da sustentabilidade?


Quando se fala em sustentabilidade, não se pode deixar de considerar suas três dimensões clássicas tratadas pela literatura, ainda que não exaustivas: econômica, social e ambiental. Esse tripé – ou Triple Bottom Line – foi proposto pelo sociólogo britânico John Elkington, no livro Cannibals with forks: the triple Bottom Line of 21st Century (Canibais com Garfo e Faca: o Triple Bottom Line do Século 21, 1998), para se referir a três pilares que embasam ou orientam muitas análises sobre a sustentabilidade das organizações. As três dimensões em questão têm sido chamadas, ainda, de 3 Ps – profit, people e planet – ou seja, lucro, pessoas e planeta. 

Assim, a sustentabilidade passou a entrar em muitas agendas organizacionais, considerando essas três dimensões clássicas; em um primeiro momento, com foco em exibir sua presença na organização; mais adiante, procurando demonstrar adesão a princípios éticos e mitigação de riscos. As três dimensões da sustentabilidade, de fato, têm riscos que podem ser ponderáveis e essa consideração constitui-se em um dos principais vetores de crescimento do interesse pelo tema, ao lado dos requisitos do ambiente externo, que pressiona por mais ética e por uma atuação organizacional equilibrada entre as três dimensões.

Na dimensão econômica, sócios e administradores se preocuparão em: tomar providências para evitar contendas societárias ou de natureza similar que prejudiquem a organização; proteger receitas, incluindo tratar com seriedade a busca de novos mercados e a inadimplência; realizar responsavelmente investimentos e despesas, evitando erros estratégicos e desperdícios; administrar tributos de maneira sensata; captar recursos de terceiros com segurança; honrar compromissos financeiros contratados com responsabilidade e, em suma, manter a organização valiosa economicamente e segura financeiramente, ou seja, sem a possibilidade de quebra (default).

Na dimensão social, as providências empresariais serão orientadas primeiramente, para a entrega de bons produtos e serviços à sociedade, honrando-se o estatuto social que estabelece os limites de atuação organizacional. Em segundo lugar, é preciso respeitar empregados próprios e terceirizados, os quais contribuem para que a organização faça o seu trabalho, investindo-se no dito capital humano. Em terceiro lugar, é preciso respeitar comunidades envolvidas nas operações organizacionais; se não for por outro motivo válido, como o provimento de capital humano, simplesmente por que a sociedade espera que assim seja.

Já na dimensão ambiental, as providências serão orientadas primeiramente para mitigar riscos que as organizações terminam por impor ao meio ambiente e que podem, se não forem devidamente tratados, implicar penalizações legais, regulatórias, de mercado e de imagem organizacional, criando grandes perdas tangíveis e intangíveis. Em segundo lugar, existem oportunidades de reduções de desperdícios e custos que os projetos ambientais agregam às organizações e é oportuno aproveitá-las.

Ao assimilarem o conceito de sustentabilidade, proprietários organizacionais e dirigentes a serviço desses reconhecem, que os interesses dos primeiros não são o único foco do seu trabalho e que os demais públicos relevantes (stakeholders) existem, têm interesses justos e legítimos, podem provocar perdas objetivas e, portanto, não devem ser ignorados. É uma questão de ética, mas também de riscos.