quinta-feira, 9 de maio de 2024

Saúde integral no ambiente de trabalho: questão estratégica para as organizações


Dos ambientes corporativos competitivos àqueles monopolizados, a saúde física e mental das pessoas - sua saúde integral - emergem como elementos críticos para a produtividade e a sustentabilidade das organizações de quaisquer tamanhos. Mesmo nas chamadas sociedades unipessoais, nas quais a organização tem apenas um indivíduo.

A conscientização sobre a importância de realmente promover um ambiente de trabalho saudável, intensificada pela pandemia COVID, reflete a necessidade de mudança significativa na forma como os líderes empresariais abordam o bem-estar das pessoas, incluindo eles próprios. No contexto brasileiro, particularmente acentuado por desafios econômicos e sociais, a conscientização dos líderes é crítica.

A relevância da saúde integral

A promoção da saúde integral transcende fronteiras, afetando diretamente a produtividade, a inovação e a retenção de talentos, em escala global. Não é apenas o Brasil que tem esse desafio.

Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) sugerem que problemas de saúde, tanto físicos quanto mentais, podem custar bilhões à economia mundial, devido à redução da produtividade. Essa perspectiva destaca a importância de uma visão integral da saúde nas organizações.

Em nosso País, os desafios são particularmente complexos. As adversidades socioeconômicas, combinadas com uma cultura de alta pressão e longas horas de trabalho, contribuem para o aumento tanto de problemas físicos (como doenças crônicas e lesões por esforço repetitivo) quanto mentais (como estresse, depressão e ansiedade). A necessidade de intervenções focadas na saúde integral, no ambiente de trabalho, é evidente e é preciso prevê-las nas estratégias e políticas para pessoas.

Saúde integral como estratégia corporativa

Considerar a saúde com visão integral não é apenas uma questão de responsabilidade social, mas um componente estratégico para a longevidade da organização. Promover um ambiente que valorize a saúde dos seres humanos que a povoam, além de ser o certo a fazer, impulsiona a produtividade e favorece a sustentabilidade.

Práticas laborais que negligenciam a saúde integral podem levar ao esgotamento físico e mental. No Brasil, o desafio é não apenas o de criar projetos estratégicos que mudem significativamente a saúde das pessoas nas organizações, mas também o de manter programas programas de bem-estar, que abordem tanto aspectos físicos quanto psicológicos. Projetos serão importantes para o impulso inicial; políticas, para criar habitualidade.

Os conselhos de administração têm um papel crucial na promoção da saúde integral. São responsáveis por integrar a saúde física e mental nas estratégias e políticas corporativas, desenvolvendo ambientes que não apenas previnam doenças, mas também promovam um estado de bem-estar generalizado. Investir em saúde integral é investir diretamente na capacidade produtiva e inovadora da organização, o que se reflete na produtividade. E a boa governança corporativa e a sustentabilidade requerem ir além dos requisitos da Constituição Federal e das leis.

Os líderes e sua saúde integral

Líderes de organizações empresariais frequentemente enfrentam pressões imensas, por vezes, acachapantes, que podem comprometer tanto a saúde física quanto mental, afetando sua capacidade de liderança e tomada de decisões. Problemas como estresse crônico, falta de sono e sedentarismo são comuns entre executivos  que, muitas vezes, sacrificam seu bem-estar pessoal pela carga de trabalho intensa. 

Implementar uma cultura de saúde integral, inclusive para os executivos, significa promover uma lógica inteligente, que inclua atividade física adaptada a agendas ocupadas, sessões regulares de aconselhamento ou terapia, além de ações para gerenciar o estresse e o equilíbrio trabalho-vida. Aumentar a consciência sobre a importância da nutrição, do descanso adequado e da saúde mental é vital para que existam a resiliência e o vigor necessários para liderar.

A saúde integral dos líderes não beneficia apenas o indivíduo, mas também a organização como um todo. Líderes saudáveis são mais capazes de inspirar suas equipes, impulsionar a inovação e conduzir organizações através de desafios complexos, com clareza, decisão e energia. Investir no bem-estar dos líderes é, ademais, coerente com uma cultura ética de cuidado e suporte que, além de humanística, melhora o desempenho organizacional, tornando as organizações mais sustentáveis.

Em suma

A integração efetiva da saúde física e mental nas estratégias corporativas não apenas beneficia as pessoas, de forma individual, mas também impulsiona a produtividade geral e a sustentabilidade das organizações. Priorizar a saúde integral traz benefícios substanciais não apenas para os indivíduos e suas equipes, mas para a organização como um todo e para a sociedade em geral.

Os conselhos de administração têm a responsabilidade e a oportunidade de liderar mudanças significativas nesse front, favorecendo práticas que promovam a saúde integral. Ao fazerem isso, eles não só cuidam melhor das pessoas e melhoram o ambiente de trabalho, mas também fortalecem a organização e sua imagem, preparando-a para enfrentar desafios presentes e futuros, com uma força de trabalho resiliente e motivada. Sem saúde, isso não é possível.


Mônica Mansur Brandão


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