quinta-feira, 28 de maio de 2020

Amazon em 10 anos: foco total no cliente, segundo Bezzos


- Eu sempre incentivo as pessoas, quando pensam em 10 anos, a fazer a pergunta: o que não vai mudar?

A voz de Jeff Bezos, CEO da Amazon, ecoou na sala de conferência virtual, tanto quanto um eco pode ressoar em paredes virtuais. Rodeado por ouvintes atentos – acionistas ou seus representantes ao redor do Planeta – em sua primeira assembleia total e exclusivamente online, ocorrida na quarta-feira, 27 de maior de 2020, Bezos afirmou:

- Estamos dispostos a falhar. E essa vontade de falhar não vai mudar daqui a 10 anos.

Em continuidade à sua fala, o executivo afirmou:

- O tamanho do nosso fracasso deve continuar aumentando, à medida que continuamos a fazer coisas ousadas. Mas o centro de tudo isso, o que puxa tudo isso junto, é ser obcecado pelo cliente. E isso é realmente protetor da nossa cultura, mesmo em um horizonte de 10 anos.

E acrescentou:

- Se você é obcecado por concorrentes e se considera um líder em alguma arena, é muito fácil perder sua motivação. Você já está à frente, por que você deve correr? Se você é obcecado pelo cliente, se essa é a sua motivação, é muito sustentável. Mesmo como líder, seus clientes estão sempre insatisfeitos. Eles sempre querem algo melhor. E, portanto, é muito motivador ao longo da jornada.

As palavras de Jeff Bezos parecem ter agradado aos acionistas da Amazon, uma das poucas empresas globais que tem conseguido prosperar nestes tempos de falha geral do sistema capitalista, em que a pandemia coronavírus, ainda sob ecos da crise financeira de 2008, criou uma pane nas economias dos países.

Neste improvável cenário, a empresa atingiu seu maior valor de mercado, graças ao aumento das compras online, ao fortalecimento do serviço de streaming Amazon Prime e à demanda maior pelo armazenamento em nuvem oferecido pela Amazon Web Services.

A epidemia global motivou a assembleia virtual. Alguns dos acionistas, por meio de seus representantes – especialmente administradores de fundos de pensão norte-americanos – manifestaram preocupação com o aumento do contágio e do número de mortos entre os trabalhadores das imensas warehouses da Amazon pelo mundo.

Norges Bank, administrador do fundo de pensão do governo da Noruega e um dos 10 maiores acionistas da Amazon, não se manifestou a respeito das condições de trabalho na Amazon, o que é interessante, já que seu conselho de ética tem se mostrado atento ao comportamento das empresas mineradoras de seu portfólio de investimentos (Maior fundo de investimentos em mineração do mundo exclui Vale de sua carteira).

A Amazon e seus serviços e tecnologias encaixam-se perfeitamente ao mundo sob a pandemia e no que se imagina que será o mundo pós-pandemia. Analistas de mercado calculam que a empresa crescerá ainda mais nos próximos meses.

A dúvida que se apresenta – e isso o tempo dirá – reside na resposta dos que concorrem com a Amazon à sua estratégia. As empresas por todo o Planeta estão atentas à emergência de um novo normal. O foco no cliente é muito importante, mas sem perder de vista a reação da concorrência. Mesmo no caso de uma empresa onipresente como a Amazon.

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